Um olhar sobre o Mundo

Por Angola e o Mundo enquanto há vida...

Tuesday, May 08, 2007

FRANÇA CONSERVADORA

Hoje a minha viajem é pela França. Uma abordagem das eleições presidenciais. Desde domingo passado, a França tem outro presidente. Trata-se do candidato da direita, Nicolas Sarkozy, que venceu a segunda volta as eleições presidenciais com 53% contra 47% para a candidata socialista Ségolène Royal, segundo números provisórios.

Este é mais um exemplo de democracia a seguir, no que diz respeito a alternância no poder. Espero que alguns países façam o mesmo. Sobretudo alguns governantes agarrados ao poder como uma carraça ao cães. Tal como era de esperar dos vencidos, inúmeros protestos violentos marcaram a madrugada posterior ao anúncio da vitória de Nicolas Sarkozy nestas eleições. Segundo fontes, o resultado foi 730 carros queimados, 592 pessoas detidas e 78 polícias feridos.

No entanto, a mesma fonte assegurou que a segunda volta das eleições não gerou grandes movimentos de violência urbana nos bairros denominados problemáticos e apenas alguns pequenos grupos atearam fogo a caixotes de lixo e automóveis.

Contudo, não foi desta que os franceses elegeram uma mulher para a presidência. Até porque a vitória de Sarkozy ja estava prevista pelas sondagens e conseguiu conquistar 52% do eleitorado feminino. Assim como os votos de 49% dos operários, tradicionais eleitores de esquerda. El BV "HAJA PAZ"

Thursday, May 03, 2007

AFINAL QUE TIPO DE RICOS TEMOS?

Ao pegar no número desgarrado do semanário angolano "CAPITAL", eis que me surge o artigo verdadeiramente interessante e acima de tudo extraordinariamente realista entitulado "OS NOSSOS RICOS SÃO UMA FRAUDE", de José Eduardo Agualusa. Passo a transcrever:
"Espero sinceramente que esta crónica pareça completamente ridícula daqui a meia dúzia de anos. Trata-se de uma crónica que tem por tema a inauguração – com a presença do Presidente da República! – de um centro comercial de média dimensão nos arredores da capital. Num país minimamente desenvolvido, com um saudável sistema de economia de mercado, a inauguração de um novo centro comercial representa, quando muito, uma notícia relevante para o bairro onde o mesmo se situa. O facto de um tal acontecimento nos entusiasmar tanto (a mim entusiasma) diz bem do lamentável atraso em que nos encontramos – é o espanto do camponês ao ver pela primeira vez uma televisão (ou, ao invés, do menino da cidade diante de uma galinha). Daqui a meia dúzia de anos espero, pois, que a notícia da inauguração de um centro comercial já não alvoroce ninguém. Olhando para trás haveremos todos de sorrir, com certa auto-ironia, ao lembrarmo-nos do tempo em que não havia em nenhuma cidade angolana um bom cinema, com filmes actuais, ou sequer uma boa livraria. Nessa altura o Presidente da República, quem quer que seja, há-de estar a inaugurar grandes bibliotecas públicas, bons hospitais, auto-estradas, escolas em bairros carentes, e então nós teremos orgulho nesse Presidente da República.Os nossos ricos – por falar em centros comerciais – são igualmente reveladores do terrível atraso em que três décadas de guerra, corrupção e incompetência deixaram o país. Não temos ainda ricos como os ricos dos países ricos. Os ricos dos países ricos são charmosos e elegantes. Praticam musculação em casa, uma hora por dia, com a ajuda de um personal trainer, e ainda lhes sobra tempo para o yoga, a escalada, a esgrima, ou a equitação. Os nossos ricos, esses, luzem de gordura. Acham que assistir ao futebol, sentados num sofá, é a forma mais confortável de fazer desporto. Os ricos dos países ricos morrem de velhice perto dos cem anos. Os nossos sofrem crises de malária e morrem vítimas de doenças ligadas a maus hábitos alimentares, como os pobres dos países ricos, antes dos setenta. Os verdadeiros ricos têm no escritório uma tela de Miró ou de Picasso. Os nossos têm uma fotografia do Presidente da República a inaugurar centros comerciais. Os verdadeiros ricos coleccionam a grande arte do nosso tempo – Paula Rego, David Hockney, Portinari, Basquiat, etc.. Os nossos ricos coleccionam "arte africana", o que quer que isso seja, comprada muitas vezes nos mercados populares. Os verdadeiros ricos assistem em Londres ou em Nova Iorque a concertos dirigidos por grandes maestros. Os nossos assistem em Luanda a desfiles de misses. Os ricos legítimos almoçam num dia com Mário Vargas Llosa, em Paris, e no outro com Barack Obama, em Washington. Os nossos almoçam com o Pierre Falcone em algum recanto escondido. Os verdadeiros ricos lêem o Times Literary Suplement e a New Yorker. Os nossos lêem a "Caras", na versão nacional, e sorriem felizes de cada vez que encontram o próprio rosto (encontram sempre, é inevitável) iluminado por uma aura de gordura.Resumindo: os nossos ricos são uma fraude. São tão duvidosos, enquanto ricos, tão refutáveis e mal-amanhados, quanto eram enquanto comunistas. Precisamos, urgentemente, de novos novos ricos. Ou então resignamo-nos a que estes envelheçam. Porém, como disse antes, receio que a maior parte morra antes de envelhecer decentemente".
Contudo, é uma análise suscinta, concreta, verdadeira e cheia de inteligência. Eu, como filho do Lobito, de Angola, de África e do mundo, estou estuperfacto com a vida opulenta dos nossos ricos. Só falta dizer que os nossos ricos compram os grandes jipes para puderem passar pelos buracos da estrada. El BV "HAJA PAZ".

GUERRA NO IRAQUE, SEM RAZÕES!?!

Quero partilhar convosco o fabuloso comentário de alguém que visitou o meu blog e sentiu-se comovido no artigo (THE IRAQ WAR WAS A WAR OF CHOICE, NOT NECESSITY). Na sua opinião a invasão do Iraque pelos os EUA, é uma invasão sem necessidade e sem escolha. Os EUA não tiveram e continuam a não ter motivos para tal. Porquê? A assídua visitante e a inesquecível amiga Dra Alex, responde:
"Falamos das razoes para os EUA atacarem o Iraque...que razoes...a democracia...bombas...sera que se lembram de que exitem estudos que demonstram que nao exitem bombas em solo Iraquiano...democracia, que democracia se nem os proprios EUA vivem numa democracia perfeita??? E eu pergunto independentemente das razoes apresentadas ao mundo o que é que ligitima a guerra? O que é que justifica matar, tirar a vida, deixar crianças orfãs, pessoas desempregadas, o que é que justifica a destruição de um país, a democracia que não existe? A democradia que nao foi implementada ainda hoje?
Hoje fala-se de conspiração quando se refere ao 11 de Setembro...e existem argumentos bastante convincentes...necessidade ou escolha...Necessidade de mostrar o seu poder económico e militar, de acabar com o terrorismo, de mostrar que têm poder para que as ameaças acabassem, para destruir as redes de terrorismo e eu pergunto e conseguiram...a resposta é nao...entao não havia necessidade!Depois existe ainda a afirmação de que a guerra aconteceu por causa dos poços de petróleo e eu digo...o petroleo daqui a nada acaba e de que é que vai servir terem os poços de petroleo...em vez de se preocuparem em criar recursos sustentáveis para melhorar as condiçoes ambientais...nao, andam atrás de poços de petroleo que de uma maneira ou de outra não sao o mais viável nem para o ambiente, nem para a economia a longo prazo.Acho portanto que esta guerra serve para duas coisas, 1ª matar pessoas e destruir países, 2ª deixar de acreditar até nos países com maior poder do mundo! Porque afinal a democracia desejada nao existe e as pessoas hj vivem pior no Iraque que quando Hussein governava. A nível económico, político e mesmo a nível da segurança e estabilidade.
Cada vez acredito mais que a política tem de mudar no sentido de deixar de esquecer as pessoas que estão por trás de sua própria invenção.Por fim acredito que os EUA deviam preocupar-se mais com a estabilidade do seu próprio país que é cada vez mais injusto e desigual do que com a justiça internacional que é vista pelos EUA pelos seus olhos e não pelos olhos da verdadeira necessidade desses países." Obrigado amiga pelo teu comentário...Não tenho receio em te dizer que tens muito pela frente ou seja um futuro brilhante. A recordação é algo indispensável no mundo dos vivos. Saiba que a África te espera para a missão do seu sonho. Compreensão, compreensão, compreensão. Porque não me compreendem? Não é nada disto...eu tento, mas não sei se...
EL BV "HAJA PAZ"

Wednesday, May 02, 2007

ELEIÇÕES FRAUDULENTAS NA NIGÉRIA

Na sequência do artigo que publiquei semanas atrás, sobre os incidentes nas primeiras horas das eleições nigerianas, era de esperar que o candidato do partido de Obasanjo ganhasse as eleições. Trata-se de Umaru Yar' Adua, 55 anos de idade, mulçumano de perfil discreto que governou o Estado de Katsina.
Até aos nossos dias, as eleições em África não são transparentes. A Nigéria é mais uma prova disto. Segundo fontes, os observadores internacionais e locais rejeitaram os resultados das eleições presidenciais e parlamentares na Nigéria que sairam na semana passada.
Os mesmos dizem que se tratou da pior eleição da história do país, com confrontos que tiraram a vida a 52 pessoas.
Perante esta situação, tenho a salientar que as eleições nos países africanos sempre tiveram resultados polémicos. É uma vergonha, em pleno século XXI assistir a este fenómeno. Se isto continuar assim, teremos de admitir todos os adjectivos desqualificativos vindos da Comunidade Internacional e não só, que tanto têm feito para uma mudança de regime dos governos africanos. Esta mudança depende 99,9% da população africana, se esta população quiser transitar de um regime não-democrático à um regime democrático. Enquanto não houver vontade política dos governantes, já que tudo passa por eles, a Comunidade Internacional terá pouco campo de acção.
Antes que me esqueça, tenho um recado a dar as oposições existente em África. Se muitos dos nossos governantes não prestam, é porque também os nossos opositores são uma fraude. São duvidosos. Eles só se pronunciam quando há eleições. Depois disto ficam calados. Porque existem??? Se mesmo existindo não fazem nenhum!!?!! A vossa existência caros opositores só é antes e depois das eleições, e durante a governação calam-se ou são corronpidos. Pensem nisto meus...El BV "HAJA PAZ".

A PRESENÇA CHINESA EM ÁFRICA

A minha análise deste artigo consiste na evolução das relações comerciais entre a China e África, tendo em conta os números da última década, para ser bem visível o enorme crescimento das mesmas.

O Boletim da Fundação Portugal África - Observatório de África nº4, Fevereiro, sublinha que desde 2000, as relações comerciais entre os dois blocos aumentaram 268%. A maioria dos acordos assinados incide sobre a vertente energética, com 25% da produção angolana de petróleo a destinar-se à China, assim como 30% da produção da Nigéria, Gabão e Guiné Equatorial. E o mais recente fórum realizado foi o de 5 de Novembro de 2006, III Fórum de Cooperação China-África. Este fórum teve como interesse demonstrar ao Ocidente que a China e os países africanos podem sobreviver e desenvolver-se, independentemente dos condicionalismos impostos por norte-americanos e europeus. Ainda na mesma vertente, a China assinou contratos comerciais com vários países africanos avaliados em 1.9 mil milhões de USD, nomeadamente com o Egipto (produção de alumínio); África do Sul (na produção mineira); Nigéria (construção de infra-estruturas); Sudão (têxteis); Gana (renovação do sistema telecomunicações); Zâmbia (na exploração de cobre); e Cabo Verde (na construção de uma fábrica de cimento). Em troca de tudo isto, foi adoptado um Plano de Acção para os próximos 3 anos, 2007-2009, nas áreas de cooperação política - na criação de mecanismos de consulta regulares a nível ministerial entre as partes. Para além das relações entre países, pretende-se estimular as relações entre a China e União Africana e entre o Fórum de Cooperação NEPAD; na cooperação económica e comercial, a China pretende promover investimentos de companhias chinesas em África no valor de 5 mil milhões de dólares, reforçar o apoio na área agrícola, na construção de infra-estruturas, nomeadamente transportes, telecomunicações, fornecimento de água e energia, apoio à exploração de recursos energéticos africanos; na área da cooperação internacional, harmonização das oposições as partes sobre as grandes questões internacionais, nomeadamente, a prossecução dos ODM, reforma da ONU e combate ao terrorismo; na área do desenvolvimento social, a China pretende reduzir a dívida externa dos países africanos à China, empréstimos de dinheiro, consturções de escolas, hospitais, o alargamento do turismo, etc...

Perante toda esta oferta, recordo-me do velho ditado (quando a esmola é grande até o pobre desconfia). É verdade, muito verdade e uma verdade a ter em conta e atenção. É verdade que a China tem mão-de-obra barata, produtos baratos e enfim..., e os governantes africanos como querem gastar menos e o resto vai para os seus bolsos, eles aproveitam-se dessa tamanha oferta. Não me assusto ao saber que a China não tardará em ser uma grande potência mundial, pelo que tem feito até agora.

No meu ponto de vista, dentre as muitas coisa boas que a China pretende em África, a sua política não passa dum neocolonialismo. Trata-se de uma colonização em pleno século XXI no sentido mais próprio do termo colonização e não uma parceria a ter em conta a 100%. Custa-me acreditar que a China só está assinar protocolos com África no âmbito do domínio de matérias primas. Isto é um neocolonialismo humano que passa sobretudo pela transferência de pessoas chinesas, tentando diminuir o excesso da sua população. A cada dia que passa muitos chineses são plantados em África, levando alguns consigo as famílias e fixando-se lá. Uns vão e não voltam para a China e outros são substituídos. Por exemplo em Angola, perderam-se os dados numéricos dos chineses. Segundo fonte da Courier Interantional, Abril de 2006, dados de 2005, em termos demográficos e económicos, a China apresenta o seguinte: Área (quilómetros quadrados) - 9.591.000; População- 1.307.400.000**; População Urbana- 41,8%; Taxa de Desemprego- 4,2%; Rendimento Per Capita(USD)- 6.208**; PIB(Milhões USD)- 1.911.700**. Crescimento PIB- 9,3%**; Inflação- 1,9%**; Importações(Milhões USD)- 532.700*; Exportações(Milhões USD)- 572.800*; Investimento Estrangeiro(Milhões USD)- 60.300**. Neste entretanto, a China e a Índia juntas prefazem um terço da humanidade. A China está tão saturada que precisa de assinar muitos protocolos no domínio de matérias primas, assim como tem que mandar recursos humanos para muitos países africanos.

Como africano, estou muitíssimo preocupado com esta situação. Espero que África se aperceba disto o mais rápido possível na pessoa dos seus governantes. Talvez eu esteja enganado nesta minha análise (...). Daqui a meia dúzia de anos, pois, veremos o que poderá acontecer com esta política chinesa em África.

2007, é o ano que se fala da realização da Cimeira Europa África. Não sei se será satisfatória. A União Europeia não está de acordo com a presença do presidente Mugabe (Zimbabwe), e a União Africana quer fazer presente este Hitler africano...veremo o que poderá sair desta desavença.

Depois de tudo que abordei neste artigo, vê-se pouca actuação dos EUA e da UE nos próximos anos, com a presença da China em África. Termino deixando um recado para a União Europeia... a UE tem de apostar na abertura da política comercial. Acabar com a vergonha da política agrícola da Europa, abrindo caminho para África, exemplo: troca de produtos, como a cana de açucar (com a Guiné Bissau), o café, e tantos outros produtos. Se assim for, isto permite o desenvolvimento natural da economia africana. Os dois continentes ficam a ganhar, e UE pode diminuir as acções da China. El BV "HAJA PAZ".

Monday, April 30, 2007

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NA PRIMEIRA GRANDE GUERRA MUNDIAL

1. A PRIMEIRA GRANDE GUERRA MUNDIAL

O presente ensaio centra-se na análise do impacto da evolução tecnológica na Primeira Grande Guerra Mundial, o conflito que inaugurou o século XX, e a par disto, os condicionantes geoestratégicos que determinaram a subida dos EUA no mundo em termos económicos, poderio militar e inovação produtiva e por outro lado, o enfraquecimento europeu.

A Primeira Guerra Mundial decorreu, antes de tudo, das tensões advindas das disputas coloniais. Além disso, dos vários factores que desencadearam o conflito destacam-se o revanchismo francês, a questão da Alsácia-Lorena, a questão Balcânica e a corrida anglo-germânica.
Segundo fontes escritas, “este conflito mundial ocorreu entre Agosto de 1914 e 11 de Novembro de 1918, entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França e até 1917 Rússia e depois os EUA) que derrotou a Tríplice Aliança (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império-Otomano)”[1]. É indispensável referir as rivalidades entre as potências europeias, porque foram estas rivalidades que tiveram expressão no aparecimento dos blocos acima mencionados. Isto aconteceu no espaço geoestratégico europeu, onde existiam países com fórmulas políticas diversificadas e grandes impérios, constituídos por agentes de língua e cultura diferentes. A guerra causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geopolítico da Europa e do Médio Oriente. Foi uma guerra de mistura tecnológica do século XX com tácticas do século XIX, e estiveram envolvidos aproximadamente cerca de 65 milhões de soldados. Um dos motivos que originou esta guerra “foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, dia 28 de Junho de 1914, pelo sérvio Príncip, que pertencia ao grupo nacionalista – terrorista armado Mão Negra, que lutava pela unificação dos territórios que continham sérvios. O assassinato desencadeou os eventos que rapidamente deram origem à guerra, mas as verdadeiras causas são muito complexas. Vários historiadores e políticos têm discutido esta questão por quase um século sem chegar a um consenso”[2]. O assassinato do herdeiro do império Austro-húngaro, foi apenas um pretexto para que todas estas contradições entrassem em choque.
Ainda na base dos motivos da guerra, estão rivalidades territoriais, e económicas, uma vez que a Inglaterra sendo a potência mais poderosa da época, se sentia ameaçada pelo crescimento económico da Alemanha que se baseava numa oferta de melhor qualidade e inovação. Consequentemente, surgiram choques psicológicos, uma vez que a Alemanha se apresentava mais motivada para um papel de liderança mundial, enquanto que a Inglaterra percebia as evidências da sua perda de prestígio.


2. O IMPACTO DA EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NA PRIMEIRA GRANDE GUERRA MUNDIAL

Perante a situação da evolução tecnológica e do que foi dito no ponto um, a Primeira Guerra Mundial destruiu impérios, a guerra tornou-se mais mortífera ou seja, a morte de pessoas aos milhões, e em simultâneo, foi uma guerra mais rápida (embora a guerra tenha sido longa), o que justificava fins políticos entre as nações envolvidos. Para além das destruições, a guerra gerou no continente europeu uma instabilidade politica que permitiria o aparecimento de doutrinas radicais de esquerda e de direita, que seriam as principais forças vertentes do conflito seguinte.
Ao contrário da segunda guerra, o conflito de 1914-1918 não possui um demolidor determinado. Todas as nações estavam empenhadas numa corrida armamentista e numa disputa por colónias, alimentadas por um nacionalismo exacerbado, que com certeza, levaria à guerra. Sem ter medo de soar fatalista, o facto é que a guerra era inevitável. Mas ninguém tinha sequer uma vaga ideia das suas dimensões e das suas consequências.
Entretanto, o impacto da Primeira Grande Guerra Mundial foi enorme. Porque os dois blocos foram estratégicos, souberam ligar o mundo político e o mundo militar; e os mesmo blocos, entraram na fase da chamada guerras das trincheiras, ou seja tiveram que parar ambos porque a capacidade de fogo era idêntica. Então houve um esforço de investigação tecnológica, quer do lado aliado (França e Inglaterra) quer do bloco Alemão, no sentido de inventarem possíveis soluções para ultrapassarem o impasse em que estavam as tropas. Daí a que em termos estratégicos, se tenha aperfeiçoado a metralhadora, apareceram os morteiros e os obuses, surgiram os gases tóxicos, o carro de assalto e o submarino. Consequentemente as inovações tecnológicas aconteceram para serem usadas em terra, mar e ar, aqui neste último caso desenvolvendo-se o avião de combate. Estas tecnologias, quando a guerra acabou foram adaptadas às necessidades civis, por exemplo, aproveitou-se do carro de assalto a tracção integral que hoje equipa os Jipes. O correcto é que, independentemente da duração da Primeira Guerra Mundial, se chegou ao empate tecnológico entre os dois lados, o que dificultava qualquer movimento.
A nível da geopolítica e geoestratégia, o impacto é que depois da guerra, facilmente se constatou o enfraquecimento europeu, e a subida de importância dos EUA. A América torna-se a potência liderante do mundo em termos da oferta económica, da inovação produtiva e do poderio militar. A América soube definir e condicionar as suas actividade estratégicas para com os outros países, porque com a Primeira Grande Guerra os outros países perderam população, território e perderam a capacidade de liderança a todos os níveis. Dentro da linha de definição de “estratégia”[3] de John H. Collins os EUA, usaram a força e a diplomacia no momento certo e tendo como objectivo a sua segurança.
Por isso, a Primeira Guerra Mundial, inaugurou o século XX. Esta guerra tem uma importância tão grande quanto a Segundo, embora, muitas vezes não tinha sido muito bem estudada e aprofundada. Entretanto, já se foram mais de oitenta anos desde que se pôs fim a este conflito, que tanto contribuiu decisivamente para a destruição de uma ordem mundial politica, económica, social e cultural que prevalecia desde 1789. As inovações tecnológicas, os tanques de guerra, os aviões, as armas químicas, a metralhadora e o submarino, fizeram com que a visão romântica e heróica da guerra acabasse de modo brutal. El BV "HAJA PAZ".

[3]ESTRATÉGIA “como arte e ciência de empregar o poder nacional em todos as circunstâncias, para exercer os tipos e os graus desejados de controle sobre o oponente (a diversão) através da força, ameaças, pressões individuais, diplomacias, e outros meios a fim de satisfazer os interesses e os objectivos de segurança” John H. Collins, “La Gran Estratégia”, Buenos Aires, Circulo Militar, 1975, p.34.

Tuesday, April 17, 2007

QUE DESGRAÇA!

Desgraça e não Graça, é a denomianção que atribuo ao que se passou na Nigéria no sábado passado e que promete continuar. Sabe-se que a Nigéria é um dos maiores estados federais do mundo, mas desde a independência, em Outubro de 1960, os nigerianos nunca assistiram a uma transição democrática de um governo eleito para outro. Esta semana realizam-se as eleições regionais para mais tarde se realizarem as presidenciais.

Tal como a mentira tem pernas curtas, a má governação tem os dias contados e tão contados que se pode traduzir numa perda de contas. É uma vergonha o que está a passar-se esta semana na Nigéria. No primeiro dia das eleições pelo menos mais de 46 pessoas morreram em incidentes de violência. Não me passa pela cabeça afirmar que o actual presidente deste país, Olusegun Obasanjo, que foi impedido de se recandidatar pela terceira vez, esteja por detrás desta violência. Este tipo de comportamento mostra um atraso da democracia e uma possível continuidade de Obasanjo no poder ou mesmo na vitória do seu candidato Uma Musa yar'Adua.

Como é possível chamar de corruptos aos seus opositores, uma vez que durante os seus mandatos a Nigéria viveu e ainda vive acorrentada à ganância e à miséria? Será que durante este tempo no poder, o presidente nigeriano alguma vez se interessou no combate a corrupção? O país tem riquezas naturais e um crescimento económico acima da média, um dos maiores produtores de petróleo, mesmo assim a fome é o dia à dia daquela população. Acho que não é desta maneira que o actual presidente conseguirá derrubar os opositores(...) e ganhar confiança do povo, a não ser que mude de atitude. O impossível, claro no meu entender. Ele e os seus compatriotas têm a tirania e carregam-na até que a morte os separe.

A oposição tem de agir e reagir contra as palavras proferidas por Olusegun e dar a entender ao povo que pretende erradicar a corrupção, pobreza, fome, e apostar na saúde, na educação, na habitação e no bem-estar. O jejum de muitos anos. É difícil cumprir isto porque para os dirigentes africanos servir bem a sociedade é um incómodo. Até quando? Será que é preciso voltarem a escola? Isto é um atraso de vida. Fico indignado, como africano saber que em pleno século XXI existem pessoas assim. A sério. Acredito que a população nigeriana está com os pés bem assentes no chão, é só uma questão de tempo e paciência para o feitiço se virar contra os feitceiros. Acredito também, em dias melhores para a minha África e continuo desiludido com os que tencionam fazê-la desaparecer. Aqueles que contráem dívidas com o FMI para satisfazerem os seus bolsos e compram armas para a resolução dos conflitos étnicos que nunca mais se acabam e as respectivas políticas do FMI que estão cada vez mais sérias.

Espero que até ao final das eleições tudo esteja bem encaminhado. Menos morte e mais vontade política para uma Nigéria democrática e não ditadora, e uma África cheia de vida para os africanos e para o resto do mundo. El BV"HAJA PAZ".

Wednesday, April 04, 2007

TODOS POR UMA ANGOLA MELHOR

Realizou-se esta semana, o seminário com o tema "TODOS POR UMA ANGOLA MELHOR", dividido em painéis sobre política económica, política sócio-cultural, política institucional e sobre política externa. O presidente do MPLA e também presidente da República de Angola José Eduardo dos Santos, afirmou na sessão de abertura que o seminário sobre a proposta da Agenda Nacional de Consenso, promovido pelo seu partido, representa "exercício que valoriza a nossa democracia, através do debate franco e da análise profunda dos fenómenos". Que democracia? Pergunto eu. Acrescentou ainda que "cada pessoa, cada família e cada comunidade, para se organizar e prosperar, precisa de harmonizar os seus interesses com os objectivos gerais e específicos da Nação". "O povo angolano vai continuar a fortalecer a sua unidade em torno de objectivos, princípios e valores comuns na construção do país democrático e próspero que almejamos". "Temos, afinal, um destino comum a construir e interesses nacionais e estratégicos a preservar e a desenvolver. É uma necessidade que se impõe identificar e promover esses objectivos nacionais. "Ficaram para trás os momentos de incerteza e de desconfiança profunda entre uns e outros. Renascem a esperança, a auto-estima e a confiança e todos desejamos um grupo seguro que nos garanta justiça, bem-estar e prosperidade". Estas foram as passagens que mais me marcarm no discurso do presidente e não deixo passar sem as comentar. E este seminário encerrou hoje, 4 de Abril, data em que o país celebra cinco anos do Acordo de Paz.

No meu entender, Angola é um país que vive de tudo um pouco, no que diz respeito as várias formas de governo. Mas as mais visíveis em Angola são, a oligarquia"governo dos ricos" e a tirania"governo dos ganaciosos". No seu discurso, o presidente fala da democracia, algo que em Angola não se vive na prática mas sim na teoria, no papel e para encantar e enganar o povo. Democracia é um termo que soa bem praticando.

O país celebra hoje cinco anos de Paz, entre o MPLA e a UNITA! Isto é pura verdade. Esta Paz chegou numa boa altura e agora espera-se uma democracia na hora certa, até porque o país não é democrata, no sentido próprio do termo. Quanto muito, o povo sente a pressão de uma ditadura. Um país rico que tem o crescimento económico acima da média este ano, está com 76% dos 16 milhões de angolanos contiunarem a viver em situação de pobreza extrema. Justifica-se? E os dois milhões de barris de petróleo que o país produz por dia? Alguém deve saber da mão invisível. Até agora o governo não consegue explicar esta situação e o povo é sempre povo, apesar de estar farto das mentiras. Porquê mentiras? Porque sabe-se que a família dos Santos tem muitos investimentos no estrangeiro e está em frente de muitas empresas de renome em Angola, como é caso da empresa de telecomunicações UNITEL que tem parceria com a Portugal Telecom entre outras empresas.

O presidente falou da harmonia do povo...como falar de harmonia sem haver a participação do povo nas tomadas de decisão do governo? Num país onde quem fala a verdade merece castigo, dificilmente haverá união e em contrapartida aumenta a desconfiança do nosso parceiro, vizinho, irmão, primo, amigo, conhecido e desconhecido. Ninguém confia em ninguém.A construção da Nação é sempre objectivo de qualquer cidadão. O presidente ao relembrar isto tinha que ter em conta a má redistribuição da riqueza do país.

Os momentos de incerteza e de desconfiança profunda vão continuar e não ficarem atrás tal como foi referido no discurso do presidente. Tal como diz o velho ditado " a ganância e a mentira têm pernas curtas". Um dia alguém há-de explicar. Eu acredito e o povo também. Diz Edmund Burke "NENHUM SER HUMANO SOBREVIVE SEM ACREDITAR".

Se valorizar a democracia é isto que o MPLA diz, na pessoa do presidente do partido no poder em Angola, então temos que rever o conceito de democracia.
Tente partilhar comigo o meu ponto de vista, dando a sua opinião. Agradeço. El BV "HAJA PAZ".

Thursday, March 29, 2007

THE IRAQ WAR WAS A WAR OF CHOICE, NOT NECESSITY

O presente ensaio baseia-se na análise da guerra no Iraque, tem por objectivo discutir sobretudo se esta guerra foi uma guerra de escolha dos Estados Unidos da América ou se foi uma questão de necessidade. A obra (Cobra II) explica muito bem as causas e os motivos que levam os EUA a fazerem a guerra contra o Iraque. Li alguns capítulos da respectiva obra e achei interessantes os testemunhos de pessoas que viveram aquela realidade.
Bush decide atacar o Iraque baseando-se nas bases que têm na Arábia Saudita e Kuwait. Aos olhos de muitos constava que este ataque visava a mudança do regime político ditatorial a que o Iraque estava submetido. Já que “a difusão da democracia em regiões como Médio Oriente e Golfo Pérsico é, pois um objectivo fundamental para Washington”[1]. Isto não nego. Para alem dos EUA, muitos outros países respiram e aspiram à democracia. Muitos foram contra e alguns a favor da invasão do Iraque. Mesmo assim, Bush decide invadir sem a permissão das Nações Unidas, assim como também o Iraque não cumpriu as resoluções impostas desde há doze anos pelas Nações Unidas. Como justificação da guerra, os EUA levaram duas bandeiras: uma bandeira de democracia e a outra de guerra preventiva contra a possibilidade da existência e fabrico de armas de destruição massiva no Iraque e armas que se desconfiavam que eram armas nucleares, químicas e biológicas. Estas justificações não estão a conseguir ganhar raízes. Milhares de mortes são uma realidade. Desde a invasão dos EUA até aos nossos dias.
“A guerra deve ser sempre um último recurso, só surgindo como admissível uma vez esgotados todos os meios políticos para o evitar. Por isso só é legítima, face ao Direito Internacional, nos casos claramente tipificados na Carta das Nações Unidas”[2]. Esta foi a posição que consistentemente defendeu o então presidente de Portugal Jorge Sampaio desde o início da crise no Iraque.
Nos seus discursos, em particular no discurso (o eixo do mal), o presidente dos EUA transmite a ideia da prevenção contra os fundamentalistas islâmico. O exemplo concreto, são os Xiitas que estão no Irão, fazem deste país um dos países do eixo do mal. Com estas guerras, toda a zona do Iraque, Irão, Afeganistão, Síria, são países que têm uma aversão enorme aos EUA.

Em parte, concordo quando dizem que a guerra no Iraque foi uma guerra de escolha. Mas não concordo que esta guerra não tenha sido uma guerra de necessidade. Talvez antes de invadirem o Iraque não havia necessidade, mas agora pelo andamento da carruagem os EUA mostram a necessidade, não só pelo que o Iraque é, mas porque o envolvimento constante dos EUA em conflitos que não lhes dizem respeito tem como palavra-chave: mudar o regime do país em conflito e por detrás disto está a ideia de mostrar ao mundo o seu poderio político-económico e militar.

Entretanto, a competência e a sofisticação dos atentados de 11de Setembro, levou Bush e os seus aliados a calcularem as hipóteses pessimistas de que os outros já estavam a ser activamente preparados para qualquer embate. Daí que a administração Bush tenha dedicado a investiu em dinheiro, armas, refugiados, comunicação, facilidades de recrutamento, formação de quadros e enfim, como resposta adequada à queda das torres gémeas no verão de 2001. Sem saber em concreto quais protagonistas.
A meu ver, a guerra contra Iraque foi uma guerra de escolha e uma guerra de necessidade. Guerra de escolha, porque a escolha dos EUA em atacar o Iraque tem a ver com os jazigos petrolíferos do Iraque, depois do Afeganistão e com vista a repetir a proeza no Irão. A ideia era ganhar a guerra no Iraque, tomar o controlo do Médio Oriente e deixar ameaça aos países vizinhos e aos países produtores como a Síria e Arábia Saudita. Foi uma escolha notável no sentido de os EUA terem de projectar o poder doutro lado do mundo, até porque também os interesses económicos e estratégicos eram enormes.
Ainda tenho a realçar que “acerca do dito petróleo, cabe suspeitar que os Estados Unidos de América, sobretudo agora, não dependem tanto como dantes do aprovisionamento Médio-Oriental”[3]. Esta frase foi proferida em 2004, acrescento ainda que na minha óptica actualmente faz sentido este parecer, porque este foi sempre um dos objectivos dos EUA ao introduzir-se em vários conflitos que não lhes dizem respeito. E o Iraque é um alvo.
E a guerra foi necessária, porque os EUA tiveram a necessidade de evitar na medida do possível novos atentados no seu território e destruir todas as redes ameaçadoras, sobretudo a Al-Qaida, por um lado, e por outro lado “proteger aliados, livrar o mundo da ameaça geral que o terrorismo constitui, aceder a importantes jazigos petrolíferos e controlar o respectivo mercado (…)”[4]. E o Iraque de Saddam Hussein constituía várias ameaças para os Estados Unidos, por ser um país capaz de fomentar no plano financeiro a acção de grupos terroristas ligados ou não à Al-Qaida de a curto prazo os equipar com armas fora de comum, como as armas químicas e biológicas. Daí pensar em derrubar o inimigo.
Foram várias as convicções de Bush para atacar o Iraque e consequentemente derrubar os terroristas. Uma delas é “a convicção também de Bush e os seus colaboradores (Wolfowiz, Rumsfeld…) de que para secar as fontes do terrorismo é preciso alterar o mapa do Médio Oriente, esta motivação geopolítica também contempla a questão Palestina”[5].
Acrescento também que não elimino a consideração de que os EUA têm em implementar a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, a alternância no poder, a livre circulação das pessoas, num país como o Iraque onde a religião e a política são vividas com muita intensidade e as clivagens sociais têm influenciado bastante para não vivência e convivência democrática. E, no Iraque independentemente dos seus interesses na guerra, o poder vai parar aos Xiitas porque são a maioria, e os oprimidos passam a ser os Sunitas. E os problemas disto, os Xiitas são normalmente propensos ao fundamentalismo islâmico e a aplicação da lei islâmica no poder político. “A guerra é sempre uma tragédia, com o seu cortejo de mortes, de vítimas inocentes, de populações brutalmente desenraizadas, de destruição, de sofrimentos sem conta. É sempre um retrocesso terrível no caminho da moral de humanidade, do seu progresso, dos princípios civilizacionais pelos quais nos regemos e dos valores que defendemos”[6].
Para além de ilustrar o seu poderio económico, político, militar, a liberdade enquanto tal, e ganhar a popularidade internacional, os Estados Unidos da América têm uma estratégia compatível que consiste na estabilidade política mundial e na ordem internacional que passa necessariamente pelo uso da justiça. O que falta em muitos países no mundo. É por isso que se diz que – EUA é um mundo. Admito que posso ter argumentos tendenciosos, mas é o que se vê a nível da política interna e externa desta União.
El BV"HAJA PAZ"